sexta-feira, 27 de março de 2015

Review #117 - 1916 (Motörhead)


Em 1991, seria gravado aquele que seria o último álbum da formação clássica do Motörhead, já que após a sua gravação, o baterista Phil Taylor deixou a banda. "1916" consegue sintetizar tudo o que a banda vinha construindo ao longo de sua carreira. Os arranjos apresentados em "1916" lembram muito o Rock N' Roll antigo, com faixas curtas e dinâmicas. A faixa que abre o disco é "The One To Sing The Blues". A faixa começa com um pequeno riff de bateria que rapiadamente dá lugar à pesada e dinâmica linha de guitarra e aos vocais peculiares de Lemmy Kilmister. Logo depois, imediatamente ouve-se o riff inicial de "I'm So Bad (Baby I Don't Care)" mais uma faixa de rock n' roll pura, com um solo incrível de guitarra. O primeiro destaque do álbum é "No Voices In The Sky", que apresenta uma forma diferente de música, apesar de ser, essencilmente, uma música de rock n'roll. Possui um refroo bem marcado e vocais bem presentes e altos e é uma das mais subestimadas do álbum. Apostando mais uma vez na fórmula do rock n'roll puro e simples, a banda conseguiu criar uma de suas músicas mais bem sucedidas, que é "Going To Brazil". Com uma linha de baixo bem marcante e sua atmosfera animada, a faixa foi escrita após a primeira vinda da banda ao Brasil, e relata as aventuras da banda no país. "Nightmare/The Dreamtime" é um momento singular e único no álbum. Com uma atmosfera bem tensa e assustadora, a faixa inicia e termina com uma gravação revertida da voz de Kilmister, que ouvida ao contrário, entende-se "Now tell me about your miserable little lives. I do not subscribe to your superstitious, narrow, minded flights of paranoia. I and people like me will always prevail! You will never stiffle our free speech in any country in the world, and will die for us" (Agora diga-me sobre suas pequenas vidas miseráveis. Eu não assino seus voos supersticiosos e estreitos de paranoia. Eu e as pessoas como eu sempre prevaleceremos! Você nunca vai sufocar a nossa liberdade de expressão em qualquer país do mundo, e vai morrer por nós). Os vocais de Kilmister, macabros por natureza, dão um toque a mais ao clima dramático da faixa, que pode ser tida como um dos pontos altos dessa produção. Para quebrar a tensão criada pela quinta faixa, vem "Love Me Forever", outro ponto singular no álbum. A faixa tem um arranjo progressivo e alternante interessante, totalmente atípico do Motörhead. A atmosfera alterna entre momentos calmos e dramáticos e pesados e intensos e ainda conta com dois solos de guitarra. Também pode ser considerada um dos destaques do álbum.  Retornando à proposta anterior, temos "Angel City", mais um faixa purista de rock n' roll. "Make My Day", assim como "Ace Of Spades", traz elementos marcantes do que viria a ser o "Speed Metal", apesar de ainda conter muitos elementos do rock n' roll, o que viria a se repetir na décima faixa, "Shut You Down". Ao lado de "Going To Brazil", a música "R.A.M.O.N.E.S." é a mais bem sucedida do disco e foi feita, como o próprio nome sugere, em homenagem ao grupo de punk rock e contemporâneo da banda Ramones, e chegou até a ser tocada pelo grupo no último show da turnê de 1996, tendo Lemmy compartilhando os vocais com C.J. Ramone. Mas, o grande destaque fica por conta da última faixa, "1916". Quebrando totalmente a atmosfera do álbum, a faixa-título conta a breve história de um jovem de 16 anos que se junta ao exército na Primeira Guerra Mundial, mesmo tendo mentido sobre a sua idade. Descrevendo detalhadamente cada aspecto que se observa em um ambiente de Guerra, tais como a morte de amigos  e as condições de vida horríveis, a faixa traz uma atmosfera muito parecida com um hino de Guerra, muito usado por países que estão envolvidos em tal evento, para motivar os soldados. A faixa tem uma atmosfera bem triste e fúnebre, que geram uma catarse impressionante a cada um que a ouve. Com essa miscelânea de estilos e uma atmosfera bem alternante, "1916" pode facilmente ser considerado um dos melhores trabalhos do Motörhead e todos os tempos.


NOTA: 8,8

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