quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Review#122 - Shockwave Supernova (Joe Satriani)

Shockwave Supernova CoverAo comparar o mais recente álbum de Joe Satriani com seu antecessor "Unstoppable Momentum" (2013) chega-se a inevitável conclusão de que, além do virtuosismo na execução de suas composições, Satch possui a capacidade de sempre se reiventar. Desde "The Extremist" (1992) o guitarrista não nos brinda com tanta qualidade e inovação. Na verdade algumas das faixas do novo álbum haviam sido compostas desde meados dos anos 80 e Satriani aguardava o momento certo de compilá-las em um disco conceitual. Segundo o próprio músico, "Shockwave Supernova" é um personagem que representa o seu próprio alter ego, que se manifesta sempre que entra no palco. O lançamento de "Shockwave Supernova" mostra que a saída do baterista Jeff Campitelli ocorrida em 2012 parece não ter abalado o trabalho do artista que, diga-se de passagem, montou uma superbanda para este trabalho. Ao degustar as 15 faixas de "Shockwave Supernova" o ouvinte percebe claramente o cuidadoso processo de criação e a preocupação em inovar sem perder o estilo. Logo de saída, a faixa que dá nome ao álbum traz ao ouvinte uma mistura de ritmos e melodias. A introdução remete aos ritmos latinos como salsa e merengue, passando para o 4/4 do rock servindo de base para o riff que traz influências do oriente médio (vide o álbum Strange Beautiful Music de 2002). A faixa é bem característica do estilo Satriani e os efeitos utilizados trazem a sua marca. Uma bela abertura para o álbum. A segunda faixa, "Lost In a Memory", acalma os ânimos e baseia-se num ritmo bem marcado com melodia simples onde Satch trabalha muito bem os efeitos da guitarra. Sem dúvida o nome foi muito bem escolhido pois a faixa direciona o pensamento a uma viagem interior. Em seguida vem "Crazy Joey" cuja introdução é um reggae onde Satriani aplica a guitarra oitavada e a seguir um tapping bem melódico. A música evolui para um hard rock retornando ao reggae que serve de base para o solo principal. A harmonia simples da música a torna bem palatável e agradável aos ouvidos. "In My Pocket" traz elementos do country music na sua introdução, acentuada pela utilização de slide guitar. A faixa prossegue com a mudança para uma batida soul que constitui a tônica da composição apesar da introdução da gaita que ajuda a manter o clima country do início. Esta faixa é uma das mais bem construídas do álbum, podendo-se perceber claramente a utilização do wha-wha e das notas oitavadas que são uma das marcas registradas do artista. A quinta e mais inovadora faixa do álbum é "On Peregrine Wings". A inspiração para essa composição, segundo o próprio artista, foi imaginar a situação em que um homem comum repentinamente ganha asas e o objetivo do artista foi traduzir em música a sensação experimentada em seu primeiro voo. Provavelmente é a faixa com que os brasileiros mais se identificam pois, conscientemente ou não, o drumbeat condutor da composição também conduz o espectador aos ritmos do nordeste brasileiro, em particular o Xaxado. As escalas usadas por Joe também trazem elementos da música nordestina com pitadas árabes. De todas as faixas "On Peregrine Wings" é, sem dúvida, a mais surpreendente. A faixa seguinte "Cataclysmic" já se aproxima mais do velho estilo Satriani. Uma batida bem marcada, que se mantém durante toda a faixa, serve de base para a melodia bem colocada. Outra particularidade da cação é o tom menor que confere o tom soturno à composição, justificando o seu título. "San Francisco Blue" novamente tira os fans do lugar comum. Sobre um ritmo básico de Rhythm and Blues, o músico consegue inovar e brindar o ouvinte com uma composição simples mas muito bem executada e arranjada como deve ser um blues composto por Joe Satriani. O piano na introdução de "Keep on Movin'" já dá a dica para o clima da composição. Outra faixa com as marcas registradas de Satch: guitarras oitavadas, wha-wha e variações entre escalas maiores e menores e suas variações. "All of My Life" é a nona faixa. Nela, além das guitarras, Satch utiliza o que parece ser um violão clássico cheio de efeitos (vide 2'20"). O clima lounge da composição lembra composições de smooth jazz, devido à repetição da harmonia. Apesar de não apresentar grandes reviravoltas e momentos complexos, "All of My Life" agrada. Seguindo a sequência, temos "A Phase I'm Going Through".  Cheia de tappings e delays, a composição é muito bem arranjada e suas constantes mudanças de direção mostram o grande entrosamento da banda. Vale acompanhar o trabalho da bateria que foi conduzido com maestria. "Scarborough Stomp" talvez seja a faixa menos empolgante do álbum. Não pela qualidade na execução, mas pela falta de originalidade. Apesar de agradável aos ouvidos, a composição não surpreende e mantém-se na média. Em "Butterfly and Zebra" Satriani volta a surpreender. A composição de 1'48" é e uma autêntica canção de ninar. Diferentemente das outras faixas, é executada apenas com o piano e a guitarra que, apesar da utilização do overdrive, é sutil e delicada com lindos harmônicos. "If There is No Heaven" é outra faixa que não surpreende e mantém o estilo tradicional do guitarrista. O título da múdica seguinte dá a falsa ideia de uma composição agitada e com uma batida acelerada. Mas não é isso que "Stars Race Across the Sky" apresenta. A introdução com um piano suave e a melodia em tom maior trazem uma atmosfera de paz e tranquilidade. Na segunda metade da faixa há uma mudança na harmonia (típica nas composição de Satriani) e a volta a calma com a retomada da harmonia inicial. A última e maior faixa é "Goodbye Supernova". Nela Satriani se despede do personagem que inspirou o álbum. Mas isso não representa um adeus, pois ele estará de volta na próxima vez em que Satch pisar no palco. Apesar de recém lançado, "Shockwave Supernova" já pode ser considerado um dos melhores trabalhos de Joe Satriani.

NOTA: 9,5


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