quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Review #123 - Somewhere In Time (Iron Maiden)

Após o grande triunfo da banda em "Powerslave" e no aclamado disco ao vivo "Live After Death", o sucesso do Iron Maiden aumentava cada vez mais. Com isso, a responsabilidade de lançar um álbum tão bom como os anteriores também crescia. Então, em uma tentativa de reinventar o seu som e dar um novo aspecto à banda como um todo a donzela lança, em 1986, a pérola "Somewhere In Time". Polêmico em seu tempo, o álbum foi o primeiro da banda a apresentar o uso de sintetizadores nas gravações, com o intuito de dar uma temática futurista ao disco, o que gerou uma sucessão de críticas por parte dos fãs mais fevorosos da banda, que acusavam a banda de fazer um som mais comercial. Porém, o uso de tais artifícios não compromete em nada a qualidade do álbum, tido como um dos melhores (e muitas vezes como o melhor) trabalhos da banda até os dias de hoje. "Caught Somewhere In Time" é a faixa de abertura e já mostra o caminho que a banda pretendia seguir nas demais músicas do álbum. Começando lenta e melódica, de guitarra, sintetizadores e baixo; mas logo evolui para o conhecido arranjo característico do Iron Maiden, com as cavalgadas do baixo e as guitarras gêmeas de Adrian Smith e Dave Murray com um riff criativo e memorável. "Caught Somewhere In Time" foi inspirada no filme "Time After Time", de H.G. Wells, e descreve uma pessoa recebendo uma oferta de um outro indivíduo (ou ser?). A música também é marcada por mudanças de arranjo ao longo de seus 7 minutos e é com certeza um dos pontos altos de "Somewhere In Time". "Wasted Years" é a música de mais sucesso do disco (Com grande sucesso no Brasil) e realmente tem um arranjo mais comercial, apesar de ser a única que não tem a presença dos sintetizadores. Sucesso em todo o mundo, a música fala sobre esquecer o passado e viver o presente, pois é ele que importa. os destaques dessa música vão para o vocal de Bruce Dickinson e para o inconfundível riff  que inicia a faixa criando uma grande expectativa que culmina no grande arranjo, feito pelo grande Adrian Smith. "Wasted Years" também é uma das únicas músicas desse álbum a serem tocada em mais de duas turnês. A banda faz um retorno ao seu passado em "Sea Of Madness", que conta com uma introdução pesada em que se destacam Steve Harris e Nicko MacBrain. Com o peso e velociade dos álbuns anteriores e um refrão grudento que é cantado a plenos pulmões por Dickinson, a faixa trata da miséria e do sofrimento do mundo, da loucura do povo e como é mlehor virar as costas e deixá-lo. Apesar de intensa e pesada, a música conta com uma sessão mais lenta , que se inicia aos 2:55. Nessa sessão, destacam-se o solo de guitarra e a linha de baixo. "Heaven Can Wait" é uma das grandes pérolas de "Somewhere In Time". Apresenta uma das letras mais notáveis da banda, narrando uma experiência de quase morte, onde são vistas almas e pessoas em algum lugar. A faixa apresenta um ritmo mais acelerado, assim como a faixa de abertura, e é uma das mais tocadas ao vivo pela banda ao vivo (mais de 700 vezes até agora), devido ao seu refrão melódico e grudento e ao seu incrível solo, que acontece quase no final da música. "The Loneliness Of The Long Distance Runner" pode facilmente entrar para a lista das melhores da banda. Ela contém tudo o que se espera de uma grande faixa do Maiden: Melodia, ritmo acelerado, e solos frenéticos. Aliás, é essa parceria entre técnica e melodia que tornam a faixa tão especial. A música apresenta uma grande variação de ritmo e arranjos. Começa lenta e com um tema bem vriativo e bem desenvolvido de guitarra, mas que logo dá lugar à famosa cavalgada e aos vocais que logo chegam ao cativante refrão e as grande solo de guitarras gêmeas feito pela grande dupla Smith/Murray. Certamente um dos grandes destaques do álbum. A letra de "The Loneliness Of The Long Distance Runner" foi baseada na história homônima de Alan Sillitoe. A faixa seguinte é "Stranger In A Strange Land", outro grande sucesso do álbum. Assim como "Wasted Years", essa música possui um arranjo mais comercial, apesar de ser mais complexa e variada, com mudanças de ritmo e pegada. Além disso, a música conta a história de um explorador que encontrou um corpo congelado no Polo Norte, e foi inspirada em uma conversa que Adrian Smith teve com esse tal explorador. "Déja-Vu" é outra grande música do álbum, e fala sobre essa famosa sensação de já ter sentido e vivido uma tal situação em um momento anterior, apesar de não nos recordarmos muito bem das circunstâncias. É também uma grande preparação para o grand finale do álbum, a grande e épica "Alexander The Great", uma faixa que beira a perfeição técnica e melódica. Uma verdadeira aula de história, a faixa começa com uma citação de uma frase dita por Fellipe II da Macedônia ("My son, ask for thyself another kingdom, for that wich I leave is too small for thee" /  "Meu filho, consiga para você outro reino, pois esse que deixo é pequeno demais para você"), pai de Alexandre, O Grande, protagonista da história contada nessa faixa. A trajetória de Alexandre é contada aqui com maestria, desde o momento em que se tornou o rei da Macedônia, aos 19 anos, prometendo libertar toda a Ásia menor; passando pela construção da cidade de Alexandria, pela conquista do Império Arquemênida até a sua morte, em 323 a.C. Composta inteiramente por Harris, a faixa é um verdadeiro triunfo musical. Começando lenta, com a bateria simulando uma marcha de exército, com grandes temas de guitarra, a música logo evolui (novamente) para o som característico da banda. com riffs criativos e o baixo em cavalgada. O diferencial, porém, é que "Alexander The Great" conta com uma incrível passagem instrumental de quase 4 minutos, com passagens complexas e variadas, simbolizando todos os esforços e batalhas vividas por Alexandre, em sua grande triunfo pela Ásia, assim como terror dos homens ao ouvir o seu nome (Como explicitado no refrão "Alexander The Great, hist name struck fear in the hearts of men" / "Alexandre, o grande, seu nome colocava medo nos corações dos homens"). Os solos de guitarra são uma atração a parte, executados com maestria e técnica por Smith e Murray. Apesar do grande sucesso que faz entre os fãs, essa faixa nunca foi tocada ao vivo pela banda (Fica a esperança de que isso mude na vindoura "The Book Of Souls Tour", que passrá pelo Brasil em 2016). Um final épico para um álbum que definitivamente marca a história do Heavy Metal como conhecemos, e que inaugura uma nova fase no Iron Maiden que teria seu ápice criativo em seu próximo álbum.

NOTA: 9,7

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